A Prefeitura de Salvador e o Estado da Bahia estão disputando uma área no bairro de Plataforma, subúrbio da capital baiana, para a construção de duas obras públicas distintas. O município pretende construir no local um Polo Audiovisual (Salcine), conforme anunciado em dezembro de 2024, com objetivo de instalar um complexo de estúdios para produções audiovisuais como filmes, novelas e outras obras. Já o governo, desde dezembro de 2023, no âmbito das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), possui um projeto publicado que prevê a construção, na mesma região, do Parque das Ruínas, um centro de atividades culturais e comerciais de pescadores, marisqueiras e das comunidades do entorno.
Conforme apuração do In Veritate, a gestão estadual foi pega de surpresa com o decreto de desapropriação da Prefeitura, publicado no Diário Oficial do Município do último dia 13 de dezembro, para a criação do Polo Audiovisual na área da antiga Fábrica Têxtil São Braz. Isso porque, em dezembro de 2023, um ano antes, quando foi publicado o edital para construção do VLT, sob responsabilidade da Companhia de Transportes da Bahia (CTB), pertencente ao Governo do Estado, o documento já previa a construção do Parque das Ruínas no mesmo local como uma das obras de requalifcação do entorno do novo modal de transporte.
Após ser supreendido, já que alega não ter havido conversa prévia e nem sinalização da gestão municipal, vez que o projeto estadual é anterior, o Governo do Estado, na última sexta-feira (03), também publicou um decreto de desapropriação da mesma região para viabilizar a construção do parque.
No local em disputa, na Rua Almeida Brandão, em Plataforma, funcionava a antiga Fábrica de Tecidos São Braz, desativada desde 1968, cuja estrutura é tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) desde 2002. Segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA), em um procedimento administrativo que investiga o abandono do que resta do empreendimento, a construção não apresenta um uso desde os anos 1990, quando foi comprada pela Companhia Empório de Armazéns Gerais Alfandegados, e apresenta riscos de desabamento.
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